Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 29 de julho de 2014

Virada do avesso!

Como é possível escapar à ânsia de escrever, de me "libertar" há mais de um mês, quando estou literalmente virada do avesso?
Expressão paradigmática, vaga e forte, reveladora do meu estado de vida, dos meus sentimentos, dum estado de alma sem definição?

Há dias que sou como um seixo sem rumo vogando indiferente no mar calmo, ou atirado contra as rochas pela fúria repentina do mesmo mar encapelado.
Outros... como uma velha árvore demasiado podada, que custa mais a regenerar e os troncos cortados "choram, choram..." até cicatrizarem tarde de mais e a árvore não floresce na primavera...
Outros ainda, o peito está tão comprimido pela saudade imensa dos "meus meninos" que não encontro em lado algum, que desejava hibernar em qualquer útero acolhedor, não ter mais responsabilidades, não sofrer mais desilusões, não ouvir falar de dor, de fome, de guerra e sobretudo NÃO SENTIR!

Mas mesmo virada do avesso, não estive parada nunca!

Mudei do 1º para o 4º andar, para ver melhor o mar, estar mais perto do céu, ouvir menos os vizinhos e não beber o café ao sol, na varanda, com pó de tapetes...

Esvaziei (quase) a minha casa de Chaves. Ainda restam livros, bastantes livros... Já vieram os da T, alguns pertences esquecidos do J e outros deixados pelo T.
Em cada objeto que tinha de mexer, perdia-me na sua história, no tempo. Ria, chorava... 
A seu tempo, quem sabe, contarei estórias com fotografias dos objetos que tão fortemente me tocam.

Abri o sobrolho na porta do carro. Levei um ponto. Tive uma congestão, da qual prefiro nem dizer mais...

Estou quase instalada e num tempo recorde, para uma mulher que tem de pagar até para pregar um prego, não vá pregá-lo na cabeça do dedo!

Ah, continuei a vender móveis e outras peças da moradia de Chaves. Não, não é desfazer-me de bens, mas substituir memórias, ou pelo menos tentar!
Vendo, compro, altero, recrio, alieno-me, viro-me do avesso, mas não enlouqueço!

Termino por hoje, com esta mensagem recebida de uma amiga que há muito me acompanha espiritualmente, parecendo sempre pressentir o momento certo para cada uma delas.
A minha gratidão A!

"Filho é um ser que nos emprestaram para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de ter coragem. Isto mesmo!! Ser pai ou mãe é o maior acto de coragem que alguém pode ter, porque é se expor a todo o tipo de dor, principalmente da incerteza de estar agindo correctamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo". José Saramago

A, não te terás enganado no autor? Que me perdoe o Saramago, mas não o imaginava a escrever tão belo e sensível texto.