Há mais de duas semanas com tanto para escrever e não tenho conseguido sentar-me calmamente e fazer o que gosto!
Uns dias cansaço de tantas emoções, que me deixam sem forças para mais. Outros, movimento físico e mental, que por muito que queira, o corpo não obedece. E quando a máquina diz não, é melhor ligar aos sinais, principalmente quando o bom senso já é nosso conselheiro.
Dia 13 de Abril fui buscar a minha querida filha ao aeroporto. Tive oportunidade de a acompanhar ao longo do dia, sem pressas, no convívio com os meus pais, no café com os meus irmãos e neta. Percebê-la bem, descontraída, bem humorada, de bem com a vida. Como desejava passar umas horas assim com a minha filha e sossegar o meu coração de mãe, do último sobressalto que se passou com ela em Outubro passado...
Desfazer a imagem da última partida, em que estava triste, revoltada, a sofrer... Ao telefone, por mais que dissesse que estava bem, tinha que ver!
Mãe, é mãe até à morte e mesmo depois dela, acredito! E, mais uma vez, Aquele que tudo sabe, ouviu-me!
Proporcionou-me horas de bem estar e paz com a minha menina, momentos de que eu já não tinha memória. Não houve um único motivo para alteração do tom de voz e foi sempre muito bom tê-la comigo e dormir com ela. Rever, ainda que em consciência e a solo, a criança amorável, meiga, da qual não me podia distanciar, que ficava febril...
Como precisava dum abraço para ganhar novas forças e continuar. E como foi difícil vê-la partir de novo.
Filhos, a maior parte das vezes é preciso tão pouco para encher a alma às Mães e aos Pais! Basta um carinho, um toque, interesse em saber como estão.
Dói de mais ouvir as notícias terríveis todos os dias, de pais que matam filhos e vice/versa. Vivemos num mundo de loucura, que muitas vezes apesar dos alicerces da educação dos nossos filhos, ficámos a pensar que a alienação um dia também nos pode tocar à porta.
Ninguém está imune. Com filhos de que tanto me orgulho, esse momento de loucura total existiu na minha vida. Tento ultrapassar, porque sei que foi a enorme e inesperada dor da perda que levou a atitudes irracionais. Mas as palavras são as primeiras facas afiadas em veneno, que podem levar a atos irremediáveis.
É melhor treinar duas ou três palavras, que possam sair nessas alturas (e fazer voltar a razão): perdão, desculpa, és meu filho/a, pai, mãe, e talvez sempre te amei muito!