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domingo, 2 de novembro de 2014

A minha afilhada de coração

O início da história
 
Na troca de mails sobre a aquisição de livros pelo OLX, o conhecimento e o diálogo estabeleceu-se:
 
Eu - Esteja descansada que não troco os livros. Estão separados e vou embalá-los ainda hoje.
Só conheço os Açores por referência e fotos de colegas que foram colocados aí e gostaram muito. Conheço alguns países e não hei-de ir a mais nenhum sem 1º ir aos Açores e tomar banho nas lagoas de águas límpidas. Acha boa ideia?
Como gosta de ler, envio ainda o meu blogue ...
Se pudesse enviava-lhe calor e sol daqui do continente, assim vale a intenção!
 
Ela - "(...) A minha família, mãe, pai já tiveram de superar várias operações que superaram pela força que tem e por nós, os seus filhos, somos dois. Adiaram imenso a sua saúde, o seu bem-estar por mim, porque embora ajudem muita gente e a minha família seja unida quando mais precisaram não estiveram lá, teve de ser alguém de fora a ajudar porque não me queriam deixar sozinha porque me desloco em cadeira de rodas, dado que sofro de distrofia muscular que consiste na perca progressiva de força nos músculos e preciso de ajuda para as tarefas diárias, pois afeta braços e pernas que tem pouquíssima força. 
(...)
No entanto, não sou uma coitadinha, eu faço tudo, eu tirei o meu mestrado, mesmo quando alguns professores eram injustos comigo, e me tentavam desencorajar com o seu preconceito a desistir dos meus estudos, eu nunca desisti, doía, mas eu acreditava e acredito em mim, por mim e sobretudo por eles, os meus pais....
Terminei o mestrado com 17, arranjei emprego sem cunhas, levei muitos nãos no mercado de trabalho e mais uma vez não acreditavam nas minhas capacidades mas uma empresa aceitou conhecer-me, sim porque o problema das pessoas é não nos darem sequer oportunidade de nos conhecerem como pessoas, tiram conclusões apenas pela condição física, na sua maioria, mas como há excepções, uma empresa acreditou em mim, deu-me oportunidade de demonstrar o que eu valho, o que eu sei, como consigo realizar as tarefas, bem do meu jeito, mas arranjo sempre forma de conseguir a tempo, horas e bem feito, enquanto muitos tem as coisas tão mais facilitadas, como um simples "tirar uma folha da impressora"e não trabalham com gosto. Eu estudei, eu trabalho, eu saio de casa e passeio, vou para a night, eu namoro, eu sou normal e anormal são aqueles que não conseguem ver além de uma limitação física porque limitações todos temos, só precisamos de uma oportunidade. Não são só os outros que me ajudam, eu também ajudo em muitas coisas.
A minha mãe também perdeu um filho, o gémeo do meu irmão, eu não o cheguei a conhecer, foi um aborto e por sorte não morreram os 3  O meu irmão nasceu de 6 meses e eu tinha 6 anos mas embora pequena sofri mto vendo a minha mãe a ir para o hospital coberta de sangue ao colo do meu pai e eu ficar em casa com a minha avo e ver a casa de banho toda suja de sangue. Filmes de terror e com tantos pormenores que me lembro.....
Está a ver o que o seu blog causa?partilha lá a sua vida que me fez partilhar um pedacinho da minha.
 
Voltando ao seu blog, vi que também vai muitas vezes ao hospital e as suas peripécias, então o carro avariou lol  sei como isso é, o nosso carro também prega partidas quando não deve e faz tanta falta para me deslocar neste inverno e transportar a cadeira ahahahahah
 
Relativamente a vir aos Açores, aconselho vivamente, é lindo, aqui conseguimos ter o barulho e movimento  quando queremos mas como é mais pequeno, tudo é mais perto e facilmente conseguimos fugir a isso e ir-mo-nos refugiar, pensar, relaxar em locais lindos e paradisíacos, onde só a natureza opera, onde a mão do homem é pouca, nas belas lagoas , etc etc etc.
Temos tudo aqui, movimento, comercio e paz.......como costumo a dizer a alguns continentais, que eu adoro, que os Açores tem tudo o que o continente e mais..... Temos mais ar puro, menos poluição sonora e ambiental, menos transito, menos violência (...)
A única coisa que eu queria que fosse melhor era a medicina que é o mais importante, na minha ilha é boa até mas há ilhas que não tem hospital e tem de vir ter os bebés ou para são Miguel ou para a Terceira. Isso lamento mas só. Também temos bons especialistas. Mas merecíamos mais, nisso vocês ganham.
 
Eu sou apaixonada pelo Norte, todo o Norte, e graças as minhas consultas anuais no Porto, Hospital de Santo António,
Amo o Porto, amo as pessoas do Porto, nunca vi povo tão acolhedor e simpático, adoro a gastronomia, adoro a cidade... (...)
Venha conhecer os Açores e se precisar de ajuda é só me contactar, até posso ser sua guia se precisar. Somos Nove Ilhas e não é por ser a minha ,juro que não é mas a minha é a que tem as paisagens mais, só que conjuga a natureza e desenvolvimento. As outras são tipo mais aldeias com uma beleza linda  mas tudo mais caro e sem muito comercio e desenvolvimento, o que é magnifico também. Mas a minha, dito por muitos amigos é lindo mesmo.
 
Percebi que gosta de animais eu amo, tenho vários cães e um gato.
Nem disse a minha idade, tenho 26 anos."
 
Eu - Sinto-te tão próxima que tenho de te tratar por tu. Deixas-me ser tua madrinha?
A tua história é tocante pequena, e és mais nova do que o meu filho mais novo que faz em Dez 32 e partiu aos 27.

Nunca tive uma afilhada, nem sei bem porquê, talvez pelas voltas da vida, mas tens o meu nome (...)
Tens um quarto à tua espera, quando vieres à consulta ... com vista de mar.

Que o teu Anjo da Guarda te proteja sempre.
 
Cortei de propósito algumas partes de texto do mail da C e do meu, para não alongar este, tendo no entanto o cuidado de não lhe retirar o essencial.
 

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