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domingo, 2 de novembro de 2014

Desaparecidos da vista, presentes na mente!

Durante anos da minha juventude e até casar, todos os sábados ia limpar e enfeitar as campas e floreiras do jazigo da minha madrinha.
Fazia-o com gosto, porque ela me pedia. 
Os retratos das lápides eram de desconhecidos que não me provocavam qualquer emoção. 
No Dia dos Fiéis o compromisso mantinha-se, só com flores compradas, normalmente crisântemos ou cravos, sem eu nunca perceber muito bem porquê, uma vez que havia no quintal sempre flores e espécies arbustivas, bem bonitas, para assear o jazigo. 
Também fazia parte da romagem aos cemitérios para deixar velas acesas, e recordo que quase sempre o frio era cortante. 

Depois de 1973 nunca mais enfeitei o jazigo. 

No Dia dos Fiéis voltei ao cemitério, três a quatro vezes, pela minha avó, meu padrinho e minha madrinha. Sempre estava muito longe do local onde "eles estavam" e encarava isso como uma visita, talvez...

Um desses anos dei comigo a pensar que não estava ali a fazer nada. Não me sentia bem! 
Recordava com alegria todos os momentos passados com todos os que tinham partido, muito mais vezes ao longo do ano e em diversos locais, do que ali, no cemitério. Sepultado estava só matéria orgânica: "És pó e em pó te hás-de tornar"! Frase bíblica que tantas vezes ouvi e me ficou na cabeça.

Sei que há culturas em que os cemitérios teem uma espécie de memorial, pintado de cores alegres que "falam" muitas vezes com graça, da vida da pessoa, cujos restos mortais albergam. Esses, não me importaria de visitar!

Deixei de fazer romagem aos cemitérios onde "estão" todos os entes queridos. Sei que me perdoam, porque habitam nas minhas memórias, ou se quiserem, porque é mais bonito e maior, no meu coração.
E como o meu amado T tem como cemitério todo e nenhum lugar deste mundo, não me reservem para mim lugar algum quando eu me for.

Passei o dia em casa e lembrei muitos mais familiares e amigos queridos, já ausentes, com amor, saudade e vida, dos que teria capacidade física de visitar em cemitérios.

Ah, o meu olho esquerdo que tem sido um autêntico pisca-pisca há pelo menos três semanas, muito irritante e limitativo, hoje decidiu dar-me descanso! Faço votos que seja prolongado.


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